Matéria muito boa que saiu no Meio & Mensagem Online. Vale à pena conferir!
"Johnatan
Ford, da Pearfisher, conta como foi criada a garrafa-ícone da vodka Absolut
Por Felipe
Turlão 15 de Abril de 2011 às 16:19
Qual a primeira coisa que lhe vêm
à mente quando escuta a palavra “Absolut”? Muito provavelmente é a imagem da
garrafa-ícone da marca de vodka, facilmente reconhecível mesmo que em meio a
dezenas de embalagens de concorrentes e outros tipos de bebidas. Os
participantes do Wave Festival, que ocorre entre 18 e 20 de abril no Copacabana
Palace, terão a oportunidade de conhecer Johnatan Ford, sócio e diretor de
criação da Pearlfisher, escritório britânico responsável pela concepção da
famosa embalagem. Ao lado da também designer Karen Welman e de Mike Branson, o
homem de negócios da empresa, ele fundou Pearlfisher em Londres, em 1992,
expandindo atuação para Nova York em 2003.
O segredo por trás da garrafa original e de versões seguintes como Level e
Mandrin, segundo Ford, é dar ao design um papel-chave na estratégia de marketing.
“Este tipo de marca se torna bem sucedida por colocar a identidade e o design
no coração de sua comunicação. Ultimamente, o que torna as marcas mais fortes é
uma grande ideia constantemente reforçada e explorada, que possa ser usada como
moeda”, afirma Ford. “E para que as marcas ícone sigam sendo novas é preciso
usar o design”, analisa.
No caso específico de Absolut, o design é ainda mais importante. “O desafio
para marcas como Absolut é reter o amor e a conexão com o consumidor para
sobreviver e crescer, mantendo-se inspiradora e relevante. E elas precisam do
design para se manterem novas, porque têm que preservar a parte correta da
identidade de marca, aquela que expressa nossos sentimentos mais profundos e
inspira o amor e conexão com o consumidor”, afirma. No caso da vodka, a
garrafa.
Quando a Pearlfisher trabalhou na linha Absolut Mandrin, o briefing pedia que
Absolut tivesse uma vodka com sabor, mas de uma maneira própria. Eles queriam
desenvolver o lado inesperado da tangerina. “Tivemos a ideia de colorar a parte
interna da garrafa nesta cor. Isso jamais havia sido feito antes. Nosso design
para Absolut Mandrin adicionou uma mistura inesperada e espirituosa, com um
sabor real de tangerina”, relembra. Segundo ele, Madrin se tornou o lançamento
de Vodka com sabor mais bem sucedido de todos os tempos nos Estados Unidos.
Já no caso de Absolut Level, a ideia era pocisioná-la como super premium, com o
desafio extra de criar uma marca nova, mas mantendo a relação com a Absolut e
aproveitando a percepção premium que ela já tinha, além, claro, da
credibilidade. “Decidimos criar então uma nova marca que sobrevivesse sozinha,
que fizesse apenas uma pequena referência à Absolut na garrafa. O nome Level
representa a perfeição do balanço na destilação da vodka e o seu design
redefiniu a categoria de vodka premium”, sustenta. A menção à marca-mãe se
restringiu à assinatura “Espírito de Absolut”.
A Pearlfisher trabalha também para clinetes como Stella Artois, Cadbury Dairy
Milk e Nivea for Men. A empresa ainta desenvolve projetos para o chef Jamie
Oilver (uma novidade que terá alcance global) e está envolvida no
reposicionamento global dos produtos de banho Carbtree & Evelyn.
São exemplos como esses que traduzem a grande mensagem que Ford quer trazer ao
Wave. “Se a publicidade não se atentou ainda à importância do design, precisa
fazê-lo. A efetividade da propaganda é dez vezes maior se tiver por trás o
trampolim de uma marca com design poderoso”, calcula.
Ele sugere que publicidade e design precisam aparar suas arestas e trabalhar
juntos. “Cada um dos dois tem o seu valor e a mensagem criativa é muito mais
forte se complementarem-se. Mesmo quando a marca tem identidade com força
visual, como Cadbury e Coca-Cola, ela também pode abraçar a publicidade de
maneira até mais criativa e desafiadora”, analisa.
Além disso, afirma, o design precisa ampliar sua capacidade de entender o
impacto social que a atividade pode ter. “O design realmente tem o potencial
para mudar as coisas e tornar o mundo um lugar melhor para se viver. Isso
aliado a um efeito positivo nas finanças da dona da marca resulta no design
efetivo”, frisa.
Novas
forças
Além da participação no Wave, a visita de Johnatan Ford ao Brasil servirá
para que o designer conheça mais do mercado nacional. A Pearlfisher tem
participação em projetos dos outros países do Bric, mas nada por aqui. Pelo
menos por enquanto. “Temos monitorado Brasil, Rússia, Índia e China e
percebemos que o primeiro tem uma comunidade criativa forte e bem estabelecida,
com agências focadas no mercado interno, que é gigante”, dimenciona. “Mas essa
características pode levar à criação de identidades de marca já esperadas, em
detrimento de novas ideias. Isso parece ser estranho diante de uma cultura
brasileira tão vibrante, diversa e com exotismo sedutor, que se tornou um
desejo de importação na Europa, por exemplo”, critica.
Para ele, as empresas brasileiras do segmento de design têm potencial para
criar novas estéticas e sensibilidades e mudar o cenário global das marcas sob
um ponto de vista local. Ford cita como exemplo a marca Beauty’in (de Cristiana
Arcangeli), “que não é apenas um novo produto de beleza, mas o desenvolvimento
de uma nova categoria – aliméticos, mistura de alimentos com cosméticos”.
Esse olhar da Pearlfisher para os países emergentes tem a ver também com uma
nova ordem que atinge o mercado de design. “O design britânico ainda é muito
influente, bom como na Escandinávia, Japão e Costa Oeste dos Estados Unidos.
Mas temos que aplaudir também a criatividade de países como África do Sul,
Austrália e designers que surgem em todos os cantos do mundo”, aponta.
Neste cenário, acredita o designer, a China assumirá um papel-chave, por conta
de sua escala. “Sem dúvida, será uma força criativa poderosa conforme
desenvolvem sua imensa capacidade fabril com inovação de design e marcas”, diz.
Mas ele vai além, e aponta que países como o Líbano experimentam mudanças que
podem acrescentar muito ao design mundial. “Precisamos abrir os olhos para a
influência criativa do Oriente Médio, um território que está deixando sua marca
com fusão de elementos de sua herança cultural com elementos contemporâneos”,
analisa.”
http://www.mmonline.com.br/eventos/wavefestival/2011/noticia/O_design_no_coracao_da_estrategia
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